De regresso de Abdul e uma noite dormida em Mississi
numa “residencial” na qual constantemente receava a entrada de ratos no quarto,
e cuja cama se desfez ao longo da noite [juro que nem me mexi no colchão, as
tábuas do estrado é que, uma por uma, iam caindo], de uma viagem entre estradas
de pó e margens de capim, macaquitos que teimavam em atravessar a estrada e ladainhas
aos carros que se me atravessavam à frente iniciadas com “caraças mas não
sabes…” e ficava por aí que ao meu lado o referendo rogava em macua protecção
divina para a viagem, desafiei as crepitações da estrada em terra batida com
uns loucos-furiosos 80kms/hora [se morrer seguro-me à batina do padre e vou
direitinha para o céu].
Enquando regressava, lá me pediram o favor de vir mais
devagar, que na caixa aberta os saltos sentem-se a dobrar e o santo fica
melindrado. Aceitei a proposta, e o efeito foi bonito: tanto as crianças como
os adultos com quem cruzava pelo caminho, muitos deles muçulmanos, assim que o
carro passava voltavam-se para trás e ficavam de boca aberta. As crianças, assim
que me viam ao volante, gritavam “mucunha [branca]” mas depois o carro passava
e o silêncio era completo – em segundos deixava eu de ser o centro das
atenções. O que trazia eu no carro? Única e simplesmente a imagem de S. José,
que pelo espanto que produzia nas pessoas, acreditei por momentos que o próprio
Santo estava ali de corpo e alma, e não apenas um pedaço de barro bem
trabalhado. “ É boneca de Jesus” disseram algumas crianças, mais pequenas que o
próprio santo, quando este, farto de tanto solavanco e de tanto pó, desceu do
carro.
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